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sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Sutra do Lótus - Resumo capítulo por capítulo - Cap 15 e 16

Capítulo 15 – Duração da Vida do Tathagata

Parte 1 – Resposta às dúvidas do Capítulo Anterior

Nesse capítulo Buda responde às perguntas que lhe foram feitas no capítulo 14, com relação a como é possível que nos anos em que sua pregação durou, uns quarenta anos, tenha podido converter e instruir uma quantidade praticamente infinita de Bodhisattvas. Shakyamuni responde afirmando que Ele alcançou a Iluminação há muitos milhões de Períodos Cósmicos e que a duração de Sua vida não tem limites. Obviamente Shakyamuni não está falando do seu Corpo Manifesto, mas sim da própria Natureza de Buda que o permeia, a Verdade, que sendo absoluta é imutável, ou seja, a mesma desde sempre. Buda diz que ao mesmo tempo em que ingressou, também não ingressou no Nirvana, referindo-se ao Corpo da Manifestação (Nirmakaya) e ao Dharmakāya, respectivamente. Buda deseja que os seres não se tornem dependentes dele como homem, mas sim que despertem a Mente Iluminada e tenham o “Tathagata dentro de si”. Para ilustrar estas explicações, O Iluminado recorre à parábola do médico que utilizando-se de um estratagema, liberou todos os seus filhos da enfermidade.

Parte 2 – Parábola do Médico que liberou todos os seus filhos da enfermidade

Um médico e pai notando que seus muitos filhos estavam doentes e com suas mentes transtornadas devido ao uso de uma substância tóxica, preparou-lhes um remédio. Contudo, vários enfermos não queriam se medicar, crendo que a simples presença do pai era suficiente para que ficassem sãos. Em face a este problema, o médico bolou uma estratégia, dizendo que estava pra morrer, mas que o remédio continuaria com eles e que poderiam bebê-lo se assim desejassem.
Então, o pai de família viajou para longe, a fim de simular sua morte e os filhos, movidos de tristeza e sensação de desproteção, enfim, beberam o antídoto e ficaram saudáveis. O médico, sabendo que seu rebento estava livre da doença, reapareceu.
Da mesma maneira age o Tathagata, pelos Meios Hábeis dá a entender que já se Nirvanizou ou logo  vai se extinguir e que não estará sempre presente para nos ajudar, quanto que na verdade, a duração de sua vida é infinita. Ou seja, para evitar que os seres caiam na desídia, Buda não revela que está sempre ativo no mundo.

Parte 3 – O Mundo de Buda

As pessoas não conseguem ver o Mundo de Buda como ele o é, julgam-no como um “lugar” onde há apenas dor. Contudo, este Mundo é maravilhoso e esplêndido, mesmo com estas supostas “imperfeições”. Os seres não percebem esta realidade por estarem submetidos à ignorância e à ilusão. Somente com o cultivo do bom karma, os seres começam a perceber a realidade em sua essência e conseguem enxergar o Tathagata. O Mundo é perfeito não no sentido de uma Justiça Universal que beneficie o homem, mas em relação à forma com que os fenômenos ocorrem visando sua auto manutenção e propiciando a vida (o sofrimento como sendo primordial para a existência).

Essa foi a tradução do Sutra que usei nesse resumo

Capítulo 16 – A Exposição dos Méritos

E por causa da Pregação sobre a Duração da Vida do Tathagata, os Bodhisattvas ali presentes ingressaram no Arya Marga [1], se beneficiaram com dharanis e obtiveram uma forte eloquência, colocando em movimento a Roda da Lei.

[1] Arya Marga, o Nobre Caminho, composto por sua vez de quatro degraus:
1º Vencedor da Corrente (corrente no sentido de fluxo): não possui mais a ideia de um eu permanente, percebeu que os ritos, regras e rituais são insubstanciais e não se apega mais à dúvida meramente especulativa.
2º Aquele que renasce apenas mais uma vez: é aquele que renasce no mundo humano e não retorna mais aos mundos inferiores. Se ele fraquejar, sua oscilação é mínima e rapidamente ele retorna ao mundo humano. Esse “apenas uma vez” é simbólico, quer dizer que ele não está mais apegado à convulsão dos mundos inferiores. Sua consciência permanece somente em estados elevados e ele não se ilude mais, nem sofre com os três tipos de desejo e nem ódio.
3º Aquele que não mais retorna: Após atingir o mundo humano ele deixa de oscilar definitivamente, sem abandonar esse estado até que atinja o nível superior.
4º Estado de Arhat: o Arhat é um Iluminado. A diferença entre um Buda e um Arhat, de acordo com o Budismo Mahayana, é que um Buda adentrou à Grande Extinção, o Parinirvana.

Mesmo que o Bodhisattva pratique as Cinco Perfeições: Doação, Disciplina Moral, Paciência, Energia e Meditação; ele não terá a mesma quantidade de méritos que tem aquele que assimilou o ensinamento da “Duração da Vida da Tathagata”. Para os homens que, dotados de firme resolução, e conservando em suas memórias a Palavra Sagrada, compreenderem a Linguagem Intencional (os Meios Hábeis), para eles não existirá dúvida, estarão sempre aos pés do Buda no Pico do Abutre, ouvindo o Dharma da “própria boca do Bhagavant”, serão venerados e homenageados por aqueles que estiverem desejosos pela Doutrina e visualizarão o Mundo Saha adornado com ouro e pedras preciosas.
Isso não significa de modo algum que aquele que “tem fé no Sutra do Lótus” esteja isento de ter que praticar as qualidades descritas pelas Cinco Perfeições. O texto está dizendo que quando o Ensinamento encontra-se assimilado intelectualmente, há uma mudança de paradigma na forma com que a realidade é percebida, as Perfeições continuam sendo manifestas, porém não são executadas como em outrora (como pelo Budismo Hinayana ou Mahayana menor), mas como decorrência de uma experiência Espiritual transcendente.

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