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quarta-feira, 26 de junho de 2013

Budismo Hoje: Teoria e Prática

BUDISMO HOJE, TEORIA E PRÁTICA
Sandro Vasconcelos

1. Resumo
Este artigo objetiva esclarecer pontos fundamentais do budismo e demonstrar como a mensagem budista pode se tornar práxis no cotidiano das pessoas.

Palavras chave: Buda, iluminação, Sofrimento, Dharma.

2. Introdução
Há aproximadamente 2500 anos um príncipe de uma região da Índia chamado Sidarta Gautama, não vendo sentido em sua vida - apesar de ser um homem que tinha do bom e do melhor - e percebendo que as pessoas sofriam com a morte, envelhecimento e doenças, resolveu fazer uma peregrinação acreditando ser possível vencer todas estas dores.
Em sua primeira tentativa, creu ser necessário abdicar de todos os desejos e prazeres para que o sofrimento da vida fosse vencido; passou por fome e grandes privações, mas mesmo assim não atingiu seu objetivo.
Então, após anos de meditação entendeu que este caminho de asceticismo severo também não o levaria a lugar nenhum. Foi assim que percebeu que a vida deveria ser vivida em equilíbrio (não viver escravo dos prazeres, mas também não renegá-los completamente).
Após este episódio, Sidarta resolveu sentar-se debaixo de uma figueira e não sair de sua meditação até que encontrasse a Iluminação. A Iluminação nada mais é do que a percepção da realidade e dos porquês do sofrimento humano.
Então, debaixo desta árvore, chamada Bodhi, Gautama atingiria a Iluminação, deixaria de ser um príncipe e se tornaria um Buda – o primeiro Buda que a história relata. Desta experiência transcendente elaborou conceitos que seriam a base da religião budista, base esta que oferece a qualquer pessoa a possibilidade de também ser um Buda (Iluminado). A seguir, vamos conhecer mais a fundo quais foram os resultados da Iluminação de Sidarta. [1]

3. Desenvolvimento
3.1 O Dharma e o Karma
Dharma pode ser definido como o Ensinamento; elemento, o constituinte último da existência; a lei que governa todas as coisas; a essência, ou natureza de uma coisa e, assim, por associação, as coisas em si mesmas; a verdade última tal como ensinada pelo Buda (ou, simplificando, o "funcionamento" da realidade com suas causas e consequências). A complexa relação entre os dharmas (no sentido de fenômenos) constitui nosso mundo atual mergulhado no dukkha (sofrimento - expressão melhor explicada na sessão 3.3). De um lado, existem as degenerescências (klesa) que formam a base das ações erradas (karma ou carma) em resultado das quais mergulhamos ainda mais profundamente no sofrimento próprio ou geramos sofrimento aos demais; de outro, existe a atividade serena da sabedoria (prajna) que dissipa as degenerescências uma a uma e nos leva ao caminho da Iluminação. Klesa e karma são a causa da qual dukkha é o resultado; prajna é a causa da qual a sabedoria é o resultado.
Não há como falar em carma sem definir interdependência: não é possível realizar uma ação isolada no mundo, ou seja, tudo o que fazemos traz consequências a nós mesmos, a quem está a nossa volta e ao meio ambiente. Por isso é preciso medir os atos para que na inconsequência não produzamos sofrimento. [2]

3.2 A Natureza Búdica
A Natureza Búdica é a Iluminação latente que todos nós possuímos. Latente porque ela já se encontra em nós, mas não é usufruída facilmente porque a ilusão e os falsos conceitos de satisfação e realização seduzem e cegam. Esta natureza nada tem a ver com a ideia de alma, pois, seguindo-se o conceito de insubstancialidade todos os fenômenos são desprovidos de essência real, ou seja, não há nenhum ente que tenha substância.
Como consequência da Natureza Búdica é possível afirmar que o Buda não é um deus, mas sim alguém que conseguiu chegar a um estágio de espiritualidade que é viável a qualquer ser humano.
É preciso deixar claro que para os budistas não há nenhuma salvação vinda de um deus ou de deuses. Não há nada de eterno no universo e não há uma alma que necessite ser salva. O Caminho Espiritual é uma via heroica, sem nenhum "elemento externo" que determine seu êxito. Por isso, no Budismo, se fala em Libertação das cadeias da Ilusão, Libertação da ideia de um 'eu-permanente'. [2] [3]

3.3 As Quatro Nobres Verdades
O que levou o Buda à renúncia de seu status quo de realeza foi uma sensibilidade espiritual ultrajada com a futilidade das buscas egoístas e sensuais, e com a universalidade da mudança e instabilidade, do conflito e do sofrimento [2]. Essa transformadora experiência de dukkha (sofrimento) foi sua descoberta da primeira das quatro nobres verdades, a saber:

3.3.1 A Natureza de Dukkha - Neste ensinamento de dukkha, Buda deixa claro que impreterivelmente algum tipo de humilhação nos aguarda. Não importa o que fizermos, é impossível sustentar a ilusão de que somos auto suficientes. Pelo contrário, todos somos decadentes; estamos sujeitos ao envelhecimento, à morte, à decepção, à perda e às doenças. Esforçamo-nos inutilmente em manter uma imagem positiva de nós mesmos, porém as crises que passamos inevitavelmente revelam que nossos esforços são inúteis e que nada podemos fazer para mudar este destino.
Esta primeira verdade está diretamente relacionada com o conceito de Impermanência. A impermanência diz que tudo na forma em que está um dia se dissolverá e ganhará outras formas; o sofrimento se dá quando, apegados, não nos conformamos com esta finitude.
A verdade do sofrimento pode ser encarada como algo pessimista. Entretanto, pessimismo é pensar que "tudo vai dar errado" ou achar que não há nada que valha a pena ser desfrutado. Otimismo, por outro lado, denota que o mundo é "mil maravilhas", que tudo vai terminar bem, etc. Dukkha não se enquadra em nenhum destes extremos e apresenta-se como uma visão realista, a visão "do meio". [4]

3.3.2 A Origem de Dukkha - O sofrimento se origina pelo desejo. É preciso enfatizar que o desejo (tanha) no budismo inclui todas as variáveis possíveis, desde as paixões luxuriosas ou românticas à qualquer tipo de apego. A palavra em páli tanha é derivado de uma outra que denota sede e esta sede no budismo é definida como algo insaciável. [2]

3.3.3 A Cessação de Dukkha - A cessação do sofrimento consiste na destruição do desejo, sem resíduos e com desapego. Experiência de completa libertação da dor e da insatisfação (Nirvana). Assim, deixando-se os desejos egoístas para trás, a disciplina budista aponta para o Nirvana, a suprema felicidade. [3]
Nirvana é um estado ético a ser alcançado nesta vida, que inclui concentração e discernimento. Entretanto, a etimologia da palavra é descrita de um modo um pouco diferente. Originalmente, em referências canônicas, significava soprar para longe as três raízes do mal: desejo, preguiça e ilusão. Etimologistas mais modernos preferiram derivar a palavra de outras raízes comparando o Nirvana à atitude de deixar de alimentar as chamas da ilusão com o combustível do desejo, buscando a extinção da chama.
O Sutra Itivuttaka afirma que aquele que destruiu as ilusões pôs de lado o fardo, alcançou seu objetivo, destruiu os grilhões da existência e adquiriu o verdadeiro entendimento. A escritura ainda diz que, apesar de possuir os cinco sentidos, aquele que destruiu as ilusões não está submetido a eles e, por conseguinte, tem o poder de transcender os conceitos de prazer e desprazer. [4]

3.3.4 O Caminho para a Cessação de Dukkha - Caminho do Meio ou Caminho Óctuplo:
No seu Primeiro Sermão, dado a cinco monges após sua iluminação, o Buda apresenta seu Dharma (ensinamento) como o caminho do meio entre os extremos da indulgência sensual e da autoflagelação ascética:

"E qual, monges, é a rota do meio completamente avivada por Aquele que encontra a verdade, ao ir em busca da visão, em busca do conhecimento que conduz à calma, ao conhecimento superior, ao despertar, ao nirvana? É o próprio Caminho Óctuplo..." [2]
O Caminho Óctuplo é desta forma compreendido:

3.3.4.1 Entendimento Correto - do sofrimento, de sua origem, de sua cessação, do caminho que leva à cessação do sofrimento (entendimento das Nobres Verdades).

3.3.4.2 Intenção correta - de renúncia, livre de desejos; de boa vontade, livre da aversão; de compaixão, livre da crueldade.

3.3.4.3 Fala correta - abstenção de mentir, abstenção da fala maliciosa, abstenção da fala severa, abstenção da fala inútil.

3.3.4.4 Ação correta - abstenção de tomar a vida, abstenção de roubar, abstenção de comportamento sexual impróprio.

3.3.4.5 Correto meio de vida - abandonar o meio de vida errado, ganhar a vida de uma forma correta.

3.3.4.6 Esforço correto - estar prevenido para não deixar surgir estados maléficos da mente, desde seu surgimento através de esforço, exercitando a mente com energia. Abandonar os estados maléficos da mente que já tenham surgido, fazendo esforço, exercitando a mente com energia. Desenvolver estados mentais (benéficos) que ainda não tenham surgido fazendo um esforço e exercitando a mente com energia. Manter e aperfeiçoar estados mentais (benéficos) que já tenham surgido e não permitir que eles desapareçam, mas sim trazê-los ao crescimento à maturidade e à perfeição total de desenvolvimento fazendo esforço e exercitando a mente com energia.

3.3.4.7 Consciência correta - contemplação consciente do corpo, contemplação consciente dos sentimentos, contemplação consciente da mente, contemplação consciente dos objetos mentais.

3.3.4.8 Concentração correta - é a realização dos esforços meditativos. Existem cinco obstáculos que obstruem o caminho da libertação. Através da Concentração Correta é possível superar estes obstáculos: o desejo de prazer sensual, má vontade, preguiça ou desânimo, inquietação ou dúvida e preocupação ou especulação cética.

Buda, quando disse ser possível vencer os sofrimentos, não se referia a fazer com que magicamente a realidade deixasse de ser impermanente. Seus ensinamentos procuram mostrar que, enquanto estivermos iludidos com ideais de eternidade, só agregaremos sofrimento à nossas vidas. Ilusão gera expectativa e expectativa sempre gera sofrimento. Assim, é preciso entender e aceitar as regras da vida, deixando as ilusões da felicidade egoísta para trás. [2] [3]

3.4 Os Dez Grilhões
Antes de explicar cada um dos grilhões é necessário definir o que é um Arhat. Arhat é um arya (nobre) que atingiu o último estágio de nobreza comportamental, aquele que tem valor, livre das degenerações e destruiu os 10 grilhões, ou seja, atingiu a perfeição espiritual; às vezes traduzido como verdadeiramente o Meritório. Os 10 grilhões, ou Obstáculos da Iluminação, são os seguintes: [5]

3.4.1 Crença na personalidade ou a ilusão do eu - é aquela pessoa que pensa ser um ente à parte do todo. Não percebe a insubstancialidade (que os seres são compostos por agregados) crendo, ingenuamente, na existência da alma (atman). O budismo é anatman, ou seja, não crê em espírito ou alma, desta forma, quando morremos não vamos para um céu ou um inferno em outra dimensão.
O inferno e o céu não são lugares: o inferno ocorre aqui na Terra, não é um local e sim um estado espiritual. A ardência do fogo é uma metáfora que simboliza a dor de quem está perdido, sem entender o que se passa ao redor de si e agarrado a valores efêmeros (ciclo do samsara). O inferno é sentir-se desnorteado, confuso, solitário e iludido; é enxergar a realidade distorcida, sem discernimento. Vivenciar os preceitos do Dharma é o céu (Terra Pura de Buda); uma fé não cega, reveladora do verdadeiro significado da vida.

3.4.2 Dúvida cética, defensiva, discursiva ou especulativa - a dúvida especulativa se caracteriza por um tipo de gente que adora discursar, intelectualizar, mas sem a práxis.
O Budismo é um sistema de "investigação" (sképsis), mas não é um sistema especulativo. Não é conjectura e sim um convite a se por as ensinamentos em prática, à prova. É diferente daqueles que ficam pensando no sexo dos anjos. Isso é que é dúvida especulativa: uma questionamento que não leva a lugar nenhum, só a palavrório inútil.

3.4.3 Crença na eficácia de regras e rituais - acreditar simplesmente que o cumprir a cartilha de rituais, cerimônias, mantras ou tradições é suficiente para se atingir a Iluminação. Ser budista não é viver de aparências; mais do que manter o tom de voz suave e estar presente continuamente nos templos, é preciso seguir verdadeiramente o Dharma e seus preceitos morais e éticos.
O uso de símbolos ou mantras no budismo devem ser somente meios de se cultivar e interiorizar ensinamentos para que o fiel não desanime do caminho da Iluminação. Esta deve ser a verdadeira intenção ao se entoar mantras, meditar e acender incensos diante de altares. A finalidade destas práticas também não é estabelecer qualquer relacionamento com deuses, divindades, santos ou buscar satisfação própria. [3]

3.4.4 Desejo sensorial pela procura de satisfação através da imaginação da mente (luxúria) - crer que o sentido da vida é a satisfação pura e simples do desejo sexual e dos 5 sentidos. O budismo não censura nenhum tipo de prazer, porém, procura trazer significado ético ao relacionamento amoroso e ao uso dos sentidos.

3.4.5 Má vontade, repugnância e ódio - o tópico é auto explicativo. Obviamente, uma pessoa diligente e não ressentida tem maiores probabilidades de construir algo puro e sólido para si.

3.4.6 Anseio pela paz espiritual, devido ao apego aos objetos psíquico-sutis da meditação intensa (mundo das formas) - são aqueles que piamente buscam praticar ascese para obter estados fruitivos. Tipo: "Ah, eu quero paz, então vou ficar o dia todo meditando" ou "Ah, quero descansar a cabeça, vou pra um retiro", ou até aqueles que acham que tornando-se monges estarão "em paz". Não confundir com o que o Buda fez no princípio de sua caminhada, pois ele não queria um estado fruitivo, porém a compreensão da realidade por trás da ilusão.

3.4.7 Anseio por uma existência imaterial (mundo sem forma) - é acreditar na existência de "vida pós morte", ou seja, que há paraíso, reencarnação, terra pura, etc. Além disso é o querer a "fruição incorpórea", vivendo como um deus, se deleitando em ficções intelectuais. É o apego ao mundo da não forma, um elevar da imaginação.

3.4.8 Orgulho Espiritual - o caminho budista prega a humildade e não o orgulho. Humildade é saber realmente quem você é e em que estágio da caminhada se encontra. O orgulho facilmente distorce a visão que temos sobre nós mesmos.

3.4.9 Inquietude e preocupação da mente - manter a mente tranquila e equilibrada é um dos fundamentos para se atingir o Nirvana.

3.4.10 Ignorância devido aos resíduos de apego e auto ilusão - o desconhecimento da realidade (Dharma) ilude-nos com conceitos de satisfação e felicidade oferecidos pelo senso comum. Uma vez apegados a tais valores, nos prendemos à roda do samsara. O verso 243 do Dhammapada diz: "a ignorância é a maior de todas as máculas, destruída, sereis puros, ó discípulos".

3.5 Os Votos do Bodhisattva
Bodhisattva é um ser compassivo; aquele que se empenha em alcançar a sabedoria do Buda e que coloca em jogo a própria Iluminação em benefício dos seres que sofrem. [2]
No Sutra Longo de Amitabha está registrado que o Bodisatva Hôzo fez quarenta e oito votos, o teor de todos estes votos está relacionado com o bem alheio em detrimento do próprio bem. É preciso salientar que este bem não está limitado em simples caridade, procurando, numa ação mais ampla, estimular o despertar para a Iluminação aos demais, vejamos alguns dos votos:

“Se, quando alcançar o Estado de Buda, os seres humanos e devas na minha terra de Buda derem origem a pensamentos de apego a si próprios, que eu não alcance a perfeita Iluminação.”

“Se, quando alcançar o Estado de Buda, os seres humanos e devas na minha terra de Buda não se encontrarem firmemente estabelecidos na verdade absoluta, até atingirem o nirvana, que eu não alcance a perfeita Iluminação.”

“Se, quando alcançar o estado de Buda, os seres humanos e devas na minha terra de Buda sequer ouvirem falar de qualquer má ação, que eu não alcance a perfeita Iluminação."

“Se, quando alcançar o Estado de Buda, os seres humanos e devas na minha terra de Buda não gozarem de alegria e prazer comparáveis aos de um monge que tenha extinguido todas as paixões, que eu não alcance a perfeita Iluminação.”

Enfim, o bodisatva não está restrito apenas à recitação de mantras ou à participação assídua em cerimônias. Seu papel vai além: manifestar a compaixão, exercendo os votos dia a dia, em benefício dos seres sencientes.

3.6 Os Cinco Preceitos
O leigo, ao converter-se ao budismo, deve se comprometer com os 5 preceitos básicos desta religião, a saber:
3.6.1 Abster-se de matar seres vivos;
Algumas escolas budistas interpretam esta passagem como não somente matar diretamente, mas participar de alguma forma na morte de seres sencientes. Isto inclui, por exemplo, o hábito alimentar onívoro ou uso de produtos oriundos de derramamento de sangue.

3.6.2 Abster-se de tomar o que não for dado (abster-se de roubar);

3.6.3 Abster-se de comportamento sexual impróprio;
Pode-se interpretar uma conduta sexual imprópria quando o ato sexual não é consequência de um envolvimento amoroso entre o casal.

3.6.4 Abster-se da linguagem incorreta;
Entende-se por linguagem incorreta, algo parecido com o que foi discutido no item 3.3.4.3 (Fala incorreta).

3.6.5 Abster-se do vinho, álcool e outros embriagantes que causam a negligência.

Para candidatar-se à vida monástica, o fiel deve ser um leigo excelente, ou seja, deve ter feito dos Cinco Preceitos de leigo sua segunda natureza.
Sendo assim, deve ser alguém experimentado em viver como um vegetariano e em respeitar a vida, deve ter aprendido a controlar o desejo de tirar dos outros aquilo que não lhe foi dado, deve viver sua sexualidade de forma pura e de acordo com a moralidade budista, deve ter buscado abolir a fala enganosa em seu trato com as outras pessoas e deve ser completamente abstêmio de qualquer bebida alcoólica ou substância intoxicante.
O candidato também deve estar ciente que o caminho de um monge deve ser um caminho de ascese, ou seja, de buscar renunciar até as coisas lícitas em nome de um maior controle sobre si mesmo.
Ele deve perguntar a si mesmo se é capaz de abraçar os Dez Preceitos Maiores do Mahayana Brahmajala Sutra para se tornar um noviço-bodhisattva (Sramanera-Bodhisattva).
Se ele conseguir se manter como um bom noviço-bodhisattva, terá muita facilidade em se tornar um monge-bodhisattva e abraçar os 48 Preceitos Menores mais os votos Samaya Esotéricos. [6]

4. Conclusões
Assim, diferenciando-se da maioria das religiões, o Budismo não surge através de uma revelação, mas sim de reflexões e ponderações de uma pessoa ávida pela verdade que, através de uma profunda meditação e do cultivo vigoroso da auto-disciplina, atingiu um estado superior de consciência, proclamando aos outros os ensinamentos advindos dessa condição. No Budismo não há preces, rezas ou orações. As palavras recitadas são meditações que trazem à tona os ensinamentos do Buda. Os mantras são sons que visam induzir um estado límpido de concentração para facilitar o insight.
O Budismo é um Caminho Humano, concebido por seres humanos e voltado para a realização plena do ser humano. Não é uma religião dita ‘divina’, não adora deuses ou deus, nada pede para eles. O Caminho proposto demanda intensa auto-disciplina, reflexão e introspecção que visa conduzir os seres humanos à plenitude da consciência através da conduta moral virtuosa e de um regime vigoroso de controle e observação da mente.
O Budismo proclama que todos os fenômenos estão submetidos à Lei da coprodução condicionada ou da originação interdependente (pratitya-samutpada). Proclama que todos os fenômenos são impermanentes (anitya sarva-saṃskārāḥ), todos os fenômenos são desprovidos de essência real (anatmanaḥ sarvadharmāḥ), todos os fenômenos enquanto percebidos são caracterizados pelo sofrimento (duḥkhaḥ sarvasaṃskārāḥ), o Nirvana – Iluminação é a tranquilidade da cessação do sofrimento (santam nirvāṇam). Isso é chamado de Dharma-Mudrā ou Selos do Dharma.

5. Referências Bibliográficas:
[1] Coomaraswamy, Ananda K. Biblioteca do Pensamento Vivo – Buda; tradução de Ary Vasconcelos. São Paulo, 1965.
[2] Yoshinori T. Espiritualidade Budista I; tradução Maria Clara Cescato. São Paulo, 1993.
[3] Muniz, André O. A. Livro de Serviços Religiosos Diários da Ordem Budista Tendai Hokke Ichijo-Ryu.
[4] Gnanarama, P. Essentials of Budism. Taiwan, 2000.
[5] da Silva, G. Dhammapada; Caminho da Lei/ Atthaka O Livro das Oitavas.1998.
[6] Muniz, André O [Internet]. Budismo Aristocrático. São Paulo: março de 2013 – [acesso em 20 de julho de 2013 ]. Disponível em: http://chakubuku-aryasattva.blogspot.com.br/search?q=Ele+deve+perguntar+a+si+mesmo+se+%C3%A9+capaz+de+abra%C3%A7ar+os+Dez+Preceitos+Maiores+

2 comentários:

  1. Oi Sandro! muito obrigado por enviar-me este artigo!

    Pensei em formata-lo em PDF e disponibiliza-lo no face, pode ser?

    Um grande abraço

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